• 4. Parte 04

    No dia seguinte, na escola, durante a aula de Português, a professora Carla pediu para que todos lessem uma frase do texto da apostila. Quando chegou a vez de Bruno, ele respirou fundo para tentar ler sem gaguejar, mas antes mesmo que começasse, a classe inteira riu, sem dar uma chance a ele. Aquilo fora demais, Deia não aguentou:

    — Está errado professora! — a menina desengasgou um grito preso na garganta e se levantou.

    — Sim, Andreia, você tem razão Bruno precisa de silêncio para conseguir ler. Ele tem mais dificuldades do que nós para falar, mas ele é melhor do que muitos de vocês em Matemática.

    — Todo mundo tem dificuldade em alguma coisa. — Deia falava com uma força, como se sua alma a impelisse — Bruno precisa ficar calmo e não com medo de nós para que consiga ler. — A menina falou firme, mas sem ser rude, defendia o amigo, não conseguia mais se calar diante das injustiças. Seria educada, mas usaria a sua voz para lutar, a partir daquele dia, diante de tudo que visse e acreditasse estar errado. Paz não é passividade  — sentiu uma força vindo do seu coração e que fazia as suas cordas vocais vibrarem. 

    — Andreia muito obrigada pela sua fala. Você foi muito corajosa. Todos aqui temos que respeitar nosso amigo e apoiá-lo. Afinal, somos ou não seus amigos? — a professora colocou a mão no ombro de Bruno — Você está bem?

    O menino fez que sim com a cabeça. Todos da classe começaram a pedir desculpas.

    —  Foi mal! — disse um.

    — Perdão, parça. — disse o outro.

    — Você gostaria de continuar Bruno? — indagou a professora.

    — Sim! —  disse confiante — e leu sua parte do texto com segurança.

    Ao acabar, o menino se levantou e abraçou Deia. Todos aplaudiram e foram participar daquele abraço coletivo. O coração de Deia, do Bruno, da professora e de todos os colegas se transformaram em um só naquele instante, havia uma áurea de felicidade e compaixão na sala que contagiou a todos, deixando-os leves.

    Em casa, Deia lembrava o que tinha acontecido. Ela se imaginou no lugar do amigo e como teria se sentido. E foi aí que descobriu que paz também é agir com os outros como gostaria que fizessem com você. Conversou com a mãe sobre isso, e ela explicou que o nome deste sentimento era empatia.

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